O Natal se aproxima e
somos convidados a refletir sobre as maravilhas e ao mesmo tempo a singeleza do
nascimento de Deus feito homem numa gruta, em Belém, há mais de dois mil anos. A
história da nossa salvação começa na solidão desse momento único, apenas na
presença de José e Maria que, profundamente comovidos, contemplavam aquele
menino recém-nascido.
Quanto amor, quanta
ternura envolviam esse momento! Tudo aconteceu sem barulho, sem alarde, no
silêncio de uma noite feliz. A primeira lição que podemos tirar da manjedoura é
a necessidade do silêncio para contemplar a Deus. Sem o silêncio, o coração é
incapaz de admirar-se com os mistérios do Pai, que age e fala no silêncio. Sem
silêncio não há vida interior, não há como elevar a alma para o mundo sobrenatural,
é impossível encontrar a Deus. Quem foge do silêncio, foge de si mesmo, foge de
Deus.
Para conseguirmos esse
silêncio interior é necessário primeiro o silêncio exterior, calar os sentidos,
aquietar o coração. O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate nos ensina: “todos precisamos deste silêncio repleto de presença adoradora. A
oração confiante é a resposta do coração que se abre a Deus face a face, onde
são silenciados todos os rumores para escutar a voz suave do Senhor que ressoa
no silêncio.” (GE 149) E nos convida a uma profunda reflexão: “Tens momentos em que te colocas na sua presença em silêncio,
permaneces com Ele sem pressa e te deixas olhar por Ele? Deixas que o seu fogo
inflame o teu coração? Se não permites que Jesus alimente nele o calor do amor
e da ternura, não terás fogo, e assim, como poderás inflamar o coração dos
outros com o teu testemunho e as tuas palavras?” (GE 151)
Assim, precisamos
aprender a nos silenciar para nos encontramos com nosso Pai, que quer se
relacionar conosco. Nosso mundo é muito agitado, temos estímulos visuais e
sonoros por todos os lados, então precisamos fazer pequenas mortificações de
nossos sentidos, renunciando a olhar todas aquelas fotos, aqueles vídeos,
aquelas notícias. Tirando um pouco o fone de ouvido, desligando o rádio e a
televisão, freando a nossa curiosidade. Isso nos ajudará a conseguirmos o silêncio
necessário e a serenidade que o controle das paixões nos dá para entramos em sintonia
com nosso Criador.
Outra grande lição da
manjedoura é a humildade. Nosso Deus todo poderoso se humilhou assumindo nossa
natureza humana, nascendo pobre, numa gruta e colocado numa simples manjedoura.
Precisamos aprender a sermos humildes, seguir o exemplo de Jesus. Deus se serve
dos humildes para grandes coisas.
O Papa Francisco continua
ensinando: “a humildade só pode enraizar
no coração através das humilhações. Sem elas, não há humildade nem santidade.
Se não fores capaz de suportar e oferecer a Deus algumas humilhações, não és
humilde e nem estás no caminho da santidade. (...) A humilhação faz-te semelhante
a Jesus, é parte ineludível da imitação de Jesus: ‘Cristo sofreu por vós,
deixando-vos um exemplo, para que sigais os seus passos.(1Pd 2,21)" (GE 118)
Peçamos nesse Natal o
grande presente de aprendermos a fazer silêncio e rezar com muita introspecção
e também a graça de sermos pessoas humildes e agradecidas por tantos dons e
bênçãos que recebemos diariamente.
photo credit: Felipe Sasso <a href="http://www.flickr.com/photos/32133548@N04/5376535732"></a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nd/2.0/">(license)</a>