terça-feira, 6 de junho de 2017

O QUE É PRECISO PARA SER ABERTO À VIDA


No último post, falei sobre a minha recente descoberta do que realmente significa ser aberto à vida, que é deixar Deus, em sua amorosa providência, determinar o número de filhos que cada família é chamada a educar. Quem defende essa ideia atualmente é taxado, no mínimo, de louco ou irresponsável, pois vivemos numa cultura totalmente antinatalista. Porém, como essa é a verdadeira doutrina da Igreja Católica e representa realmente o plano de Deus para o matrimônio e a família, vale a pena lutar para assumir essa verdade em nossas vidas.

O primeiro passo é se convencer que Deus efetivamente pede a todo casal que entregue em suas mãos amorosas e providentes sua fertilidade, deixando a seu encargo o número de filhos que deverão trazer ao mundo. Para isso, você pode se aprofundar na leitura da encíclica Humanae Vitae, especialmente o No. 10; a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, No. 50, a atual encíclica Amoris Laetitia, No. 14 e 84, um livro excelente da Kimberly Hahn, “O amor que dá a vida” e alguns posts que já indiquei (veja aqui e aqui).

Depois, é necessário um amadurecimento da nossa fé prática na Divina Providência, ou seja, conseguir efetivamente sentir que Deus é Pai que nos ama infinitamente e não permitirá que tenhamos mais filhos do que possamos criar adequadamente. Confiar, confiar e confiar. E só crescemos na confiança, confiando. Intensificando nossa vida de oração, de meditação do amor de Deus por nós (aqui tem uma orientação de como meditar), frequência aos sacramentos, especialmente da Eucaristia e da Confissão. Ajuda muito ouvir testemunhos de famílias numerosas que colocaram na prática esse ensinamento. Acreditem: elas não são tão raras de encontrar, basta procurar um pouco!

Uma coisa que me chamou a atenção e que parece um pouco contraditória é a seguinte: se somos chamados a confiar totalmente na Providência Divina e deixar somente Deus decidir o número de filhos que devemos ter, qual é a razão da Igreja aceitar o uso dos métodos naturais quando existem graves razões? Deus também não cuida dos casos graves?

Bom, aqui entra a grandeza da Igreja que é Mestra, mas principalmente Mãe. Ela sabe que Deus não exige mais do que cada um possa suportar. E para cada pessoa, pede um grau de heroísmo diferente. Assim, todos são chamados a confiar cegamente na Divina Providência, mas nem todos conseguem isso imediatamente e necessitam de meios para caminhar nessa direção. Logo, quando efetivamente existem razões graves para se adiar uma gravidez, é lícito ao casal recorrer aos períodos infecundos para as relações sexuais e desta forma, buscar, de uma maneira natural e de acordo com a moral sexual, que a gravidez não ocorra.  

Acredito também que os métodos naturais, mais especificamente o Método de Ovulação Billings (MOB), pode se um caminho para se chegar a abertura total à vida. Pode ser que um casal não consiga, de uma hora para outra, parar com os contraceptivos e entregar sua fertilidade nas mãos de Deus. Então, pode começar por usar o MOB ainda adiando uma gravidez, pois, ao menos, não estariam mais colocando nenhuma barreira física ou química em suas relações sexuais. Já estariam se entregando totalmente um ao outro e não estariam violando as promessas que fizeram no altar.  

Com o passar do tempo, refletindo a cada ciclo se realmente possuem graves razões para adiar uma gestação, o casal pode crescer na confiança filial na Divina Providência e chegar à conclusão de que não precisam mais de gráficos e tabelas e que podem celebrar seu amor sem maiores preocupações.


Enfim, é importante ter em mente que ser aberto à vida não significa de que terão muitos filhos. A fertilidade é um dom muito frágil e que varia muito durante a vida. Conheço casais que nunca utilizaram nenhum tipo de contraceptivo e tem somente dois ou três filhos. Outro fator é que as pessoas estão casando mais tarde, por volta dos 30 anos, o que diminui muito a quantidade de filhos que naturalmente podem conceber. Então, não há o que temer! Devemos buscar fazer sempre a vontade de Deus e confiar que Ele fará tudo perfeitamente bem, para a nossa salvação e a salvação de nossos filhos! 

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