No último post, falei
sobre a minha recente descoberta do que realmente significa ser aberto à vida,
que é deixar Deus, em sua amorosa providência, determinar o número de filhos
que cada família é chamada a educar. Quem defende essa ideia atualmente é taxado,
no mínimo, de louco ou irresponsável, pois vivemos numa cultura totalmente
antinatalista. Porém, como essa é a verdadeira doutrina da Igreja Católica e
representa realmente o plano de Deus para o matrimônio e a família, vale a pena
lutar para assumir essa verdade em nossas vidas.
O primeiro passo é se
convencer que Deus efetivamente pede a todo casal que entregue em suas mãos
amorosas e providentes sua fertilidade, deixando a seu encargo o número de
filhos que deverão trazer ao mundo. Para isso, você pode se aprofundar na
leitura da encíclica Humanae Vitae, especialmente
o No. 10; a Constituição Pastoral Gaudium
et Spes, No. 50, a atual encíclica Amoris
Laetitia, No. 14 e 84, um livro excelente da Kimberly Hahn, “O amor que dá
a vida” e alguns posts que já indiquei (veja aqui e aqui).
Depois, é necessário um
amadurecimento da nossa fé prática na Divina Providência, ou seja, conseguir
efetivamente sentir que Deus é Pai que nos ama infinitamente e não permitirá
que tenhamos mais filhos do que possamos criar adequadamente. Confiar, confiar
e confiar. E só crescemos na confiança, confiando. Intensificando nossa vida de
oração, de meditação do amor de Deus por nós (aqui tem uma orientação de como
meditar), frequência aos sacramentos, especialmente da Eucaristia e da Confissão.
Ajuda muito ouvir testemunhos de famílias numerosas que colocaram na prática
esse ensinamento. Acreditem: elas não são tão raras de encontrar, basta
procurar um pouco!
Uma coisa que me chamou
a atenção e que parece um pouco contraditória é a seguinte: se somos chamados a
confiar totalmente na Providência Divina e deixar somente Deus decidir o número
de filhos que devemos ter, qual é a razão da Igreja aceitar o uso dos métodos
naturais quando existem graves razões? Deus também não cuida dos casos graves?
Bom, aqui entra a
grandeza da Igreja que é Mestra, mas principalmente Mãe. Ela sabe que Deus não
exige mais do que cada um possa suportar. E para cada pessoa, pede um grau de
heroísmo diferente. Assim, todos são chamados a confiar cegamente na Divina Providência,
mas nem todos conseguem isso imediatamente e necessitam de meios para caminhar
nessa direção. Logo, quando efetivamente existem razões graves para se adiar
uma gravidez, é lícito ao casal recorrer aos períodos infecundos para as
relações sexuais e desta forma, buscar, de uma maneira natural e de acordo com
a moral sexual, que a gravidez não ocorra.
Acredito também que os
métodos naturais, mais especificamente o Método de Ovulação Billings (MOB),
pode se um caminho para se chegar a abertura total à vida. Pode ser que um
casal não consiga, de uma hora para outra, parar com os contraceptivos e
entregar sua fertilidade nas mãos de Deus. Então, pode começar por usar o MOB
ainda adiando uma gravidez, pois, ao menos, não estariam mais colocando nenhuma
barreira física ou química em suas relações sexuais. Já estariam se entregando
totalmente um ao outro e não estariam violando as promessas que fizeram no
altar.
Com o passar do tempo, refletindo
a cada ciclo se realmente possuem graves razões para adiar uma gestação, o
casal pode crescer na confiança filial na Divina Providência e chegar à
conclusão de que não precisam mais de gráficos e tabelas e que podem celebrar
seu amor sem maiores preocupações.
Enfim, é importante ter
em mente que ser aberto à vida não significa de que terão muitos filhos. A
fertilidade é um dom muito frágil e que varia muito durante a vida. Conheço
casais que nunca utilizaram nenhum tipo de contraceptivo e tem somente dois ou
três filhos. Outro fator é que as pessoas estão casando mais tarde, por
volta dos 30 anos, o que diminui muito a quantidade de filhos que naturalmente
podem conceber. Então, não há o que temer! Devemos buscar fazer sempre a
vontade de Deus e confiar que Ele fará tudo perfeitamente bem, para a nossa
salvação e a salvação de nossos filhos!
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