sexta-feira, 8 de abril de 2016

Eu era membro do “Clube Secreto do Evangelho da Prosperidade”

Muitas vezes confundimos a mensagem do Evangelho com a prosperidade. Acreditamos que somos abençoados apenas quando tudo vai bem, quando estamos felizes e realizados. As cruzes e os sofrimentos são vistos como “punição” e não como bênçãos em nossas vidas. 

Quando li o texto abaixo, achei muito importante compartilhar, porque as vezes estamos nos filiando a esse “Clube Secreto do Evangelho da Prosperidade” e nem nos damos conta disso. Pedi autorização para a autora, Judith Klein, para fazer a tradução e publicá-lo aqui. Você pode ver o original neste link: http://catholicmom.com/2016/04/05/card-carrying-member-secret-prosperity-gospel-club/
“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do seu ventre” (Lc 1,42)
“O que é necessário para sermos abençoados?” Eu perguntei a minha diretora espiritual, Sandy, dois anos atrás, assim que passei pela porta da frente de sua casa, num acesso de raiva.

“A pergunta não é o que é necessário para sermos abençoados”, Sandy respondeu claramente. “É o que você percebe como sendo uma benção.”

Seu comentário veio após eu lhe contar que meu genro Grayson, então com 25 anos, acabava de ser diagnosticado com câncer – na mesma semana que a Sandy havia me orientado para implorar a graça de verdadeiramente conhecer e experimentar o amor carinhoso de Deus para comigo.

“Grayson está com câncer”, eu desabafei assim que eu entrei em sua casa para nossa reunião semanal, onde ela estava me conduzindo através da 19ª Anotações dos exercícios espirituais de Sto. Inacio de Loyola. “Essa é a maneira que Deus demonstra seu amor carinhoso por mim? Me enviando sofrimento?” Eu zombei. “Parece que eu não estou ganhando a tal da bênção”.

“Você continua pensando que receber a bênção significa que tudo vai bem em sua vida”, Sandy contestou. “Um entendimento católico da bênção é que sabemos que Deus está conosco e nós confiamos em seu amor por nós, não importa quais circunstâncias a vida nos apresenta. Você caiu no conto do evangelho da prosperidade”, ela continuou, “e eu quero que você passe a próxima semana renunciando a essa crença falsa do mais íntimo do seu ser.”

Bam! Sandy acertou na mosca. Não preciso nem dizer que foi uma semana dolorosa de renúncia.

Antes da Sandy confrontar o problema diretamente, não era tão claro para mim que eu era membro do “Clube Secreto do Evangelho da Prosperidade.” Mas eu algum lugar, eu definitivamente havia comprado a ideia de como uma “bênção” deve ser: um casamento feliz, filhos bem sucedidos, boa saúde, estabilidade financeira, etc. – em outras palavras, uma vida onde tudo vai bem. Com esse paradigma guardado fundo em minha mente, eu havia gasto muito tempo e energia ao longo dos anos não apenas me comparando com os outros que pareciam ter as “bênçãos”, mas também lutando com Deus sobre o porquê suas “bênçãos” não chegavam até mim, especialmente com as múltiplas tragédias que aconteceram em nossas vidas. O fato que a Sandy mostrou o problema tão claramente me incitou, finalmente, a acabar com a mentira insidiosa de que uma vida abençoada equivale a uma vida próspera, e que minha vida, então, era amaldiçoada.

Vou deixar claro: eu não vou a uma igreja que ensina o evangelho da prosperidade; nem sigo um pastor de uma mega igreja na TV que prega essa mensagem tão popular e favorável em nossa cultura. Eu sou católica – uma entre mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo que vai a uma igreja onde o Cristo crucificado é o ponto central de nossa adoração. Apesar disso, uma cepa virulenta do evangelho da prosperidade, de alguma forma se infiltrou no meu coração e no meu cérebro; um “evangelho” que na essência se parece com isso: Eu acredito que a minha vontade deve ser feita na terra. E quando isso não ocorre – por exemplo, quando as pessoas adoecem, quando morrem jovem, quando crianças tem sérias crises na vida, quando as finanças se quebram – eu concluo que as “bênçãos” de Deus não estão em minha vida.

Essa crença falsa e francamente não cristã causou estragos em minha alma enquanto eu buscava que as coisas fossem feitas do meu jeito, que a minha vontade fosse feita face a um sofrimento tremendo, que incluiu a morte de um filho adotivo, dois irmãos e meu marido, Bernie – tudo em apenas poucos anos. Foi depois que nossas vidas foi implodida com a perda – o câncer de Grayson foi a última gota – que eu finalmente descobri o paradoxo que somente uma vida entregue é uma vida abençoada, e a vida mais abençoada de todas é aquela que se entrega totalmente a Deus. Esses são os termos do Reino de Deus.

Aprendi que o cristianismo não é para os fracotes ou para aqueles que querem a maneira mais suave e fácil. Não. É um remédio forte para aqueles que desejam ser como Cristo, o que significa pegar a sua cruz, morrer para si mesmo e rezar a oração que muitas vezes dói na alma: Pai, se for da sua vontade, afasta de mim esse cálice; porém, que se faça a sua vontade, não a minha.

Os cristãos são chamados a viver em uma terra onde as espadas que perfuram corações são voluntariamente abraçadas, onde a glória é revelada através de feridas abertas e o aroma perfumado da santidade é derramado de almas que foram experimentadas e testadas - e encontraram a verdade. Este é o solo sagrado de nosso Salvador, e sua Mãe. E, como suas vidas nos dizem claramente, é o território que é acessado somente por meio de aceitação resignada da cruz.

“A linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem, mas para aqueles que se salvam, é poder de Deus.” (1Cor 1,18)

Verdadeiramente, eu finalmente estou sendo salva. Através da cruz e da minha noção distorcida de como a “bênção” se parece. Antes tarde do que nunca.

Para pensar: Você é membro do “Clube Secreto do Evangelho da Prosperidade”? Você também está sendo salvo dele? 

Para rezar: Senhor Jesus, me ajude a saber que a grande bênção é me entregar completamente a ti em confiança, especialmente no meio do sofrimento.

photo credit: <a href="http://www.flickr.com/photos/132604339@N03/22584635184">Bags of Money</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/">(license)</a>

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