terça-feira, 29 de março de 2016

PERGUNTAS SOBRE REPRODUÇÃO ASSISTIDA - PARTE 2

Seguem mais algumas perguntas extraídas do livro Good News About Sex and Marriage, de Christopher West. Fiz algumas adaptações na tradução.

2. Você está dizendo que as crianças concebidas destas tecnologias não são criadas por Deus, ou não são feitas a sua imagem?

Não existe nenhuma pessoa nesse planeta que existiria se Deus não quisesse que ela existisse. Logo que o esperma encontra o óvulo, mesmo se for numa placa de petri, Deus está lá para criar uma alma imortal. Mas mesmo que Deus permita que as crianças concebidas tecnologicamente existam, não significa e Deus queira que utilizemos destas tecnologias.

Similarmente, Deus permite a existência de crianças concebidas através de atos de estupro e incesto (se ele não permitisse, elas não existiriam), mas isso não significa que ele quer que pratiquemos estupro ou incesto. Enquanto todas essas crianças são imagem de Deus e devem ser amadas e tratadas como qualquer outro ser humano, nenhuma foi concebida por um ato que reflete a imagem de Deus. Isto sempre será uma injustiça para elas.

Aqui nos confrontamos pelo mistério da interação de Deus com nossa liberdade. Deus não intervém em nossas decisões de agir imprudentemente. Se fizesse isso, negaria nossa liberdade. 

É da natureza de Deus, entretanto, extrair o bem de nossas escolhas erradas, mesmo o maior bem possível - um novo ser humano. Isso significa que devemos agir mal para resultar o bem? Se fizermos isso, de acordo com S. Paulo, nossa condenação é merecida. (Rm 3,8)

3. Nós nos portamos como Deus cada vez que nos submetemos a uma cirurgia ou tomamos algum remédio. Qual é a diferença disso com as tecnologias reprodutivas?

Fitness, saúde e vida estão inscritas em nosso próprio ser como parte do plano original de Deus para nós. Doença e morte são resultado da corrupção causada pelo pecado original. Deus as permite, mas ele não as deseja por si mesmas. Então, assumindo que todos os meios empregados são lícitos em si mesmos, nós agimos em completo acordo com os planos de Deus quando usamos a medicina e a tecnologia para salvar a vida ou restaurar a saúde.

Nestes casos, não estamos agindo como os mestres da vida humana mas como os administradores que Deus nos criou para ser. Similarmente, quando ajudamos o ato conjugal a alcançar seu fim natural, estamos agindo como administradores para restaurar o desígnio de Deus. Mas quando nós substituímos o desígnio de Deus e buscamos "forçar" uma concepção, nós cruzamos a linha entre administradores e mestre, entre sermos criaturas para brincarmos de Deus.

4. A infertilidade é uma doença. Isso não implica que seria um bom uso da medicina e da tecnologia superá-la?

A infertilidade não é exatamente uma doença, mas uma inaptidão. Procurar maneiras de curá-la é um serviço louvável para os muitos casais que sofrem grandemente por causa dela. Mas existem limites para o que pode ser feito.

Assim diz a Humanae Vitae: "A Igreja é a primeira a elogiar e recomendar a intervenção da inteligência, numa obra que tão de perto associa a criatura racional com seu Criador; mas afirma também que isso se deve fazer respeitando a ordem estabelecida por Deus." Se usarmos nossa inteligência para ajudar o ato sexual a atingir sua finalidade natural, então estamos agindo como administradores dos desígnios de Deus, respeitando a ordem que ele estabeleceu. Mas assim que substituímos o ato conjugal como meio para a concepção, nós agimos fora do escopo da ordem de Deus.

De fato, somente ao ajudar o ato conjugal é que podemos falar de verdadeira cura para a infertilidade. Substituir a relação sexual de nenhuma forma cura a doença do casal. Apenas a ignora.

A ordem de Deus não é arbitrária. Ela existe para o nosso bem, para nosso benefício. É um mistério que Deus permita que alguns fornicadores e adúlteros que nem querem ter filhos possam conceber, enquanto ao mesmo tempo ele permite que maridos e esposos amorosos sofram com a infertilidade. Quem pode sondar isso? Mas ambas as situações oferecem uma oportunidade aos envolvidos de se voltarem para Deus e se abandonarem a ele.

Os caminhos de Deus não são nossos caminhos. Confie nele. Isto é o que Cristo nos ensina. Ele mesmo se sentiu abandonado por Deus na cruz. Mas mesmo na hora mais escura, ele confiou. E como sua ressurreição atesta, sua confiança não foi em vão.

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sábado, 26 de março de 2016

QUATRO MANEIRAS NAS QUAIS OS PAIS SÃO ESSENCIAIS PARA MANTER SEUS FILHOS CATÓLICOS

O post de hoje foi traduzido do site CatholiMom.com e foi feito por Marc Cardonella. Você pode acessar o texto original aqui:http://catholicmom.com/2016/03/18/4-ways-parents-essential-keeping-kids-catholic/

Pais, vocês querem saber o segredo para manter seus filhos católicos? Se envolvam em sua formação religiosa. Essa não é uma ideia nova. A Igreja tem dito isso há décadas.

Os documentos do Concílio Vaticano II diz que os pais são os “primeiros pregadores da fé” para seus filhos e sua influência “é incapaz de ser completamente delegada para outros ou usurpada por outros.” Porém, na maioria das vezes, os pais não sabem como dar a formação sobre a fé e as paróquias não os ajudam.

Em meu novo livro Keep Your Kids Catholic: Sharing Your Faith and Making it Stick, eu argumento que os pais são indispensáveis no processo de passer a fé para seus filhos. E existem pesquisas científicas que provam isso!

De 2002 a 2005, os sociólogos Christian Smith e Melina Lundquist Denton, concluiram um estudo nacional (nos EUA) sobre o envolvimento dos adolescentes com a religião. Suas conclusões estão reportadas no Soul Searching: The Religious and Spiritual Lives of American Teenagers.

Aqui estão quatro maneiras, extraídas da pesquisa de Smith e Denton, pelas quais os pais se provam essenciais e insubstituíveis para manter seus filhos católicos.

1. Manter os filhos católicos através da influência 

Perto da minha casa tinha um outdoor que eu via todos os dias. Era a imagem de um espelho retrovisor e nele você podia ver o rosto de uma menininha triste olhando para você do banco de trás.

A legenda dizia algo do tipo: “Mesmo que você não esteja falando com ela, você a está ensinando. Fique calmo quando estiver atrás do volante.”

Ai! Esse normalmente me pegava porque eu não sou o motorista mais calmo (ou de boca mais limpa). Também me fez pensar sobre as outras áreas da minha vida onde eu não estava sendo um modelo muito bom.

Os pais são importantes... e muito! De fato, de acordo com o Smith e a Denton, não é uma questão se você está influenciando seus filhos mas que tipo de influência você está exercendo. Se você não tiver cuidado, ela pode ser negativa.

Então, a lição número 1 para manter seus filhos católicos é ser um bom modelo. 

“Pois no fim”, Smith e Denton explicam, os pais “normalmente obterão dos adolescentes o que eles próprios são como adultos. “

2. Manter os filhos católicos através do relacionamento 

Transmitir a fé efetivamente requer um relacionamento forte e um nível profundo de confiança. De outra forma, seus esforços cairão em ouvidos surdos. 

O vínculo e a intimidade que você tem com seus filhos, posiciona você perfeitamente para ensiná-los sobre a vida de uma perspectiva religiosa. Pense sobre isso: você pode afetá-los de uma maneira que ninguém mais pode.

Você fala com seus filhos sobre esportes e cinema, você os aconselha sobre a escola e carreira, então por que não ensiná-los sobre religião? Meu palpite é que os pais diriam que não é confortável.

Eu entendo. A vozinha em sua cabeça diz que você está muito “além do alcance” para conseguir atingir seus filhos depois que eles passam de certa idade, e é melhor entrega-los para os “experts” na paróquia. Aquela vozinha está errada. 

“Os pais”, escrevem Smith e Denton, “precisam desenvolver mais confiança em ensinar a juventude sobre suas tradições de fé e esperar responsas significativas deles”. Eles descobriram que no fundo as crianças querem ser ensinadas pelos pais... mesmo se não agem dessa forma.

Se você puder ampliar sua zona de conforto, você tem o potencial para influenciar seus filhos de maneiras profundas.

3. Manter seus filhos católicos através da articulação 

Aqui está outra coisa interessante que surpreendeu Smith e Denton, adolescentes de toda a parte tiveram muita dificuldade para articular sua fé. Eles facilmente discutiam opiniões sobre a bebida, drogas, ou evitar DSTs, mas não conseguiam explicar sua fé em Deus.

Eu acho que é porque seus pais falaram muito sobre as consequências de dirigir embriagado ou da perda da virgindade, mas permaneceram em silencio sobre as eternas consequências do pecado mortal ou perda da fé. 

Se você quiser que seus filhos tenham uma fé real, você tem que discuti-la com eles. E isso não significa apenas dizer a eles “não faça isso porque é errado”. Seu relacionamento de pais coloca você em uma posição única para fazer isso.

Articular a fé significa internaliza-la, possui-la e faze-la parte de você. Isso requer diálogo.

Acima de tudo a fé deve ser algo pessoal, não abstrato. Eles precisam refletir em como um tópico afeta a eles, suas vidas, não apenas como afeta as pessoas em geral. 

4. Manter seus filhos católicos através de práticas religiosas 

Existe uma relação direta entre o aumento da fé e atividades relacionadas a fé como oração diária, estudo bíblico e serviços de caridade. Essas práticas religiosas agem como catalizadores da fé, acelerando e propulsando o desenvolvimento da fé em novos níveis.

Smith e Denton observaram esse fenômeno em adolescentes religiosamente ativos dizendo: “A fé para esses adolescentes é também ativada, praticada e formada através de práticas religiosas e espirituais específicas.”

Como você consegue que os adolescentes façam essas práticas religiosas? Em algum momento, você deve obriga-los. Isso parece duro, mas a realidade é que você é responsável por formar seus filhos na virtude.

Se você não ensinar a eles o valor da disciplina, serviço e gerenciamento de tempo ao obriga-los a fazer coisas difíceis, eles não aprenderão. Similarmente, você deve agendar tempo para atividades religiosas e construir esse hábito neles.

Quando eles são jovens, você é o dono da agenda. Se você esperar até que eles sejam velhos o suficiente para fazerem sozinhos, eles não farão. 

Esse aspecto essencial da formação religiosa, mais do que qualquer outro, é dependente dos pais. A escola ou a paróquia não pode fazer isso por você. Eles podem agenda eventos, mas você deve levar seus filhos lá.

Está na hora de virar a maré 

A maior parte dos pais católicos não estão interessados em fazer parte da formação da fé de seus filhos. Eu entendo. Estamos todos muito ocupados e nada disso é fácil. Entretanto, nossos filhos abandonam a Igreja assim que saem de casa, e nesse momento ficamos quase completamente sem poder. 

O atual sistema de educação religiosa está falhando amplamente, mas estamos pedindo que ele faça muito. Os aspectos mais efetivos da formação da fé precise do envolvimento dos pais. 

Podemos mudar isso, mas será preciso pensar numa parceria entre os pais e a paróquia. Quando nós pais tomamos o nosso lugar devido na formação da fé de nossos filhos, ao fazer o que somente nós podemos fazer, teremos sucesso em manter nossos filhos católicos.

Saber quanta influência você tem na fé de seus filhos te incomoda? Você se assuta com isso? Me diga por quê?


terça-feira, 22 de março de 2016

PERGUNTAS SOBRE REPRODUÇÃO ASSISTIDA - PARTE 1

Continuando nossa conversa sobre os males da reprodução assistida, responderemos hoje uma pergunta que frequentemente é feita à Igreja. Ela foi extraída do livro Good News About Sex and Marriage, de Christopher West, mais especificamente no capítulo 7.


1. A Igreja é tão pró-família e pró-vida. Faz sentido que a Igreja seja contra tecnologias que impedem a procriação, mas o que poderia ter de errado em tecnologias que pretendem trazer vida ao mundo?


Pode parecer contraditório a princípio. Mas com uma investigação mais a fundo, entretanto, se torna evidente que a Igreja seria contraditória se ela não apontasse a imoralidade de algumas técnicas de geração de vida. Os ensinamentos da Igreja sobre as tecnologias reprodutivas são simplesmente "o outro lado da moeda" de seus ensinamentos sobre o controle de natalidade. Enquanto os métodos contraceptivos de controle de natalidade divorciam o sexo de bebês, muitas técnicas reprodutivas divorciam os bebês do sexo. A consistência inabalável de sustentar o significado do amor, vida e matrimônio - o significado de ser criado homem e mulher à imagem de Deus - exige que a ligação entre o sexo e bebês, bebês e sexo, nunca sejam divorciados, independentemente das circunstâncias ou dos motivos.

A moral básica dos princípios da Igreja no que diz respeito às tecnologias reprodutivas é essa: se uma determinada intervenção médica assiste o ato conjugal para alcançar seu fim natural, pode ser moralmente aceitável, e até mesmo louvável. Mas se ela substitui o ato conjugal como meio pelo qual a criança é concebida, então não está mantendo a intenção de Deus para a vida humana. Separar a concepção do ato conjugal amoroso entre o marido e a esposa não apenas provoca muitos males futuros, mas - mesmo se estes são evitados - permanece contrário à dignidade da criança, a dignidade dos esposos e seu relacionamento, e nossa condição de criaturas. Vejamos cada um dessas questões.

Provocar males futuros. Como disse Jesus, você pode julgar a árvores por seus frutos (Mt 7, 17-20). Separar a concepção do ato conjugal não necessariamente ocasiona os seguintes males, mas mais frequentemente que não, ela conduz a eles na prática: masturbação como um meio de obter o esperma; produção de vidas humanas em "excesso" que ou são destruídas através do aborto (eufemisticamente referidos como "redução seletiva"), congelados para "uso" futuro, ou intencionalmente cultivados para experimentos médicos; uma "mentalidade eugênica" que discrimina entre seres humanos, não tratando todos com igual cuidado e dignidade; o tráfico de gametas (espermatozoide ou óvulo) e embriões congelados para o uso de outros; inseminação em mulheres não casadas, e assim, todos os males associados a filhos "sem pais".

A dignidade da criança. Enquanto existem muitos atos através dos quais uma criança pode ser concebida (ato conjugal, um ato de estupro, fornicação, adultério, incesto, vários procedimentos tecnológicos), apenas um mantém a dignidade da criança. A grande dignidade humana é encontrada em sermos imagem de Deus. Amar é ser concebido através daquele ato de amor que nos torna imagem de Deus. Isto é o amor conjugal, e sua expressão definida é o abraço do marido e da esposa em "uma só carne".

Desde o momento da concepção, os filhos merecem o respeito que devemos a todas as pessoas. Eles são iguais em dignidade com seus pais. Eles são criados para o seu próprio bem, para serem recebidos incondicionalmente como presentes de Deus. Desejar uma criança não como fruto do amor conjugal mas como um fim resultado de um procedimento tecnológico significa tratar a criança como um produto a ser obtido, ao invés de uma pessoa para ser amada. Para aqueles envolvidos, isto cria - consciente ou inconscientemente, sutil ou não tão sutilmente - uma orientação despersonalizada para com a criança.

Produtos são sujeitos ao controle de qualidade. Quando você gasta muito dinheiro para comprar uma TV nova, você quer que ela esteja em perfeitas condições. Se isso não acontece, você troca por outra ou pede o reembolso. 

Da mesma forma, a tentação é muito real para os casais que pagam milhares de reais para esses procedimentos quere um "reembolso" ou uma "troca" se seu "produto" tem defeito. Conhecemos um médico geneticista que diz que se o embrião tem algum defeito é "dever" dos pais descartá-lo, pois se está pagando muito caro para ter um filho "defeituoso". Essa mentalidade leva as pessoas a querer não o bebê em particular que está sendo concebido para o seu próprio bem, mas ao invés, bebês que estejam em "perfeito estado", até mesmo bebês "encomendados": este sexo, esta cor de olhos, este tom de pele, aquela estatura. De fato, se o bebê é deformado ou de alguma forma não corresponde à expectativa do casal (ou do médico), ele é geralmente "destruído" e o procedimento recomeça.

Eu não pretendo dizer que todo casal que paga por esses procedimentos se abaixa a este nível. A tentação de aplicar "controle de qualidade" pode ser resistida. Mas uma mentalidade despersonalizante é construída na própria natureza do procedimento.

A única forma de garantir que a dignidade de cada criança seja respeitada é garantir que os esposos entendam e vivam o significado completo do sexo e nunca busquem uma criança separada de sua união.

A dignidade dos esposos e seu matrimônio. A Congregação para a Doutrina da Fé observou que a geração de vida humana deve respeitar não só a criança mas também os pais e a dignidade de seu relacionamento. Para isso ela deve ser o fruto e o sinal da doação mútua dos esposos, de seu amor e de sua fidelidade. Em outras palavras, a geração de uma vida humana deve ser o fruto do "sim" dos votos feitos no altar expresso através da relação sexual.

A geração tecnológica de vida humana é simplesmente não marital. A criança não é fruto dos votos de seus pais "feito carne". A criança é o produto de um procedimento tecnológico feito por um terceiro que está fora de sua união como casal. Como o teólogo moral William E. May notou: "Os esposos não podem delegar a outros o privilégio que possuem de gerar vida humana da mesma forma que não podem delegar a outros o direito que eles possuem de se engajar no ato sexual". O fato que os gametas sejam usados pelo técnico pode tornar o marido e a esposa supérfluos na concepção de seu filho.

Então mais uma vez, os esposos que empregam estes procedimentos violam, consciente ou inconscientemente, o "eu aceito" de seu comprometimento matrimonial. Enquanto os esposos possam desejar expressar sua "abertura aos filhos" através do recurso a estes procedimentos, no máximo eles estão dizendo "Eu aceito, mas não da forma que Deus pretende." Agir ao contrário do plano de Deus para o matrimônio e a procriação é completamente incompatível com o comprometimento matrimonial, mesmo se é feito com "as melhores das intenções".

Além disso, inúmeros casais podem atestar sobre os efeitos despersonalizantes de sujeitar a si mesmos a inúmeros testes e procedimentos repetidos que tratam sua células sexuais como um "material cru" que deve ser colhido para a produção de uma criança. Ser inseminada artificialmente por um médico com uma longa seringa não está na lista dos 10 procedimentos mais dignificantes de uma mulher. Alguns podem clamar que tudo vale a pena quando seu "filho milagroso" nasce. Mas a percepção subjacente de que seu filho é um "milagre da ciência" ao invés de um milagre de sua própria união marital acaba servindo para desemaranhar a psicologia básica dos relacionamentos familiares nos quais os esposos e filhos dependem para o seu próprio equilíbrio.

O ato conjugal não é simplesmente a transmissão biológica de gametas. Se assim fosse o caso, seria muito mais conveniente para os casais que quisessem conceber empregar as técnicas in vitro ao invés de deixar para o "acaso" biológico. O ato conjugal é uma realidade profundamente pessoal, sacramental, física e espiritual. Divorciar a concepção desta sublime união mostra uma falta de entendimento e respeito pela "linguagem do corpo" e a profunda essência do amor matrimonial. Ele despersonaliza tudo o que está envolvido.

Nossa condição de criaturas. Deus sozinho é, como afirmamos no Credo de Nicéia, o "Senhor e Criador de todas as coisas". Os esposos tem o distinto privilégio de cooperarem com Deus na procriação dos filhos, mas como criaturas, eles não são os mestres da vida. Eles são apenas servos do desígnio de Deus.

A fertilização tecnológica, ao contrário, como notou a Congregação para Doutrina da Fé, "confia a vida e a identidade do embrião ao puder de médicos e biólogos e estabelece a dominação da tecnologia sobre a origem e destino da pessoa humana." Os esposos e os técnicos se colocam como operadores ao invés de cooperadores, criadores ao invés de procriadores. Eles negam sua condição de criaturas e fazem a si mesmo "como Deus". (Gn 3,5)

Deus criou a união sexual para ser um símbolo sacramental de alguma forma de sua própria vida e amor e de nossa união com Cristo. Buscar vida humana fora da união sexual é também simbólica. Simboliza a rejeição de nossa união com Deus: o desejo de ter vida sem Deus ou, no mínimo, longe do que foi designado para nós. Como diz o Catecismo, quando nós preferimos os nossos próprios desígnios ao invés dos desígnios de Deus, nós estamos o desprezando. Quando escolhemos a nós mesmos ao invés dos requerimentos de nossa condição de criaturas, nós agimos contra o nosso próprio bem.

photo credit: <a href="http://www.flickr.com/photos/80314554@N07/14609358123">Elliot 6days photoshoot</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/">(license)</a>

sexta-feira, 18 de março de 2016

DEUS NOS OUVE: UM MILAGRE DA ADOÇÃO ESPIRITUAL

O post de hoje é a tradução de um lindo testemunho da Amy Brooks. Se quiser, pode ler o original aqui: http://prayerwinechocolate.com/god-hears-us-a-spiritual-adoption-miracle-free-printable/

Meus nervos estavam à flor da pele quando eu estacionei perto da clínica do Planned Parenthood (PP). Quando desci do carro junto com meu filho de três anos, fiz questão de pegar alguns terços. Haviam me dito para ter os terços em mãos, para que o pessoal do PP não pensasse que eu estava lá para uma consulta... o que teria sido, no mínimo, meio estranho. 

Eu senti como se estivesse entrando num campo de batalha espiritual. 

Deus ama quando falamos com Ele. As orações são importantes e fazem a diferença. 

Deixa eu começar do início. Essa é uma história verdadeira de oração atendida. E quando eu falo de oração, significa tanto o tipo formal como o tipo informal. Ambos os tipos foram respondidos para mim esse ano de uma maneira incrível! Eu sinto que preciso contar para o mundo inteiro (ou qualquer um que quiser ouvir)! 

Ano passado comecei a fazer algumas orações pelas mulheres que estavam considerando abortar. Quando me deitava para dormir a noite, eu pedia a Deus que desse a essas mulheres esperança e pessoas que pudesse apoiá-las. Eu pedia a Deus para ajuda-las a não terem medo e desejarem a vida para seus filhos não nascidos. 

Então um dia eu estava subindo as escadas com um monte de roupa para lavar e um pensamento me ocorreu. “Eu não amo essas mulheres o quanto Deus as ama... como minhas orações podem ajuda-las?” 

Pouco tempo depois, eu achei a Oração de Adoção Espiritual. Eu a imprimi. Meu marido e eu concordamos em adotar uma menina e dar o nome a ela que há muitos anos gostaríamos de ter dado a uma filha. Não é um nome popular e nós hesitamos em compartilhá-lo. Esse post será a primeira vez que permitimos que nosso nome favorito para uma menina se torne público. 

Nós demos a ela o nome de Jaina Therese. 

O primeiro dia que rezamos por Jaina foi dia 7 de maio de 2015. 

Nesse meio tempo, falamos para todo mundo que estávamos esperando adotar um recém-nascido. Nós não temos o dinheiro dessa vez para adotar através de uma agencia, mas se alguém conhece alguém que possa nos conectar com uma jovem mulher que gostaria de fazer um plano de adoção, poderíamos fazer uma adoção particular. Temos um excelente advogado de adoção. Nós diremos a todos que conhecemos e pediremos que eles falem com todos que conhecem. 

Mas, não tivemos sorte. 

Não conseguimos fazer os contatos. Minha mente e coração voltaram para as mulheres que se encontram grávidas e decidem terminar com a gravidez. Eu comecei a pensar se eu ficasse em frente a uma clínica de aborto com um cartaz dizendo: Gravidez não planejada? Nós queremos adotar, se poderia inspirar alguma mulher a considerar a adoção e escolher a vida. Até aquele ponto da minha vida, eu nunca havia ficado fora de uma clínica de aborto ou da Planned Parenthood para rezar ou protestar. Eu sempre foi a favor da vida em meu coração, mas nunca nem havia visto uma clínica de aborto. 

Comecei a fazer alguma pesquisa. Eu queria saber se algum grupo Pró-Vida ficava em frente da Planned Parenthood que fica a 10 minutos da minha casa. Eu certamente não iria sozinha. Eu descobri que havia um grupo pequeno que rezava às sextas-feiras. Eu fui numa loja e comprei uma cartolina. Peguei uma canetinha e escrevi: Gravidez não planejada? Nós queremos adotar. O cartaz ficou feio. 

Mas mesmo assim planejei ir. E em uma manhã de agosto, eu decidi que aquele era o dia. Meu filho dormi até mais tarde (o que nunca acontecia). Eu peguei um pouco de cereal e o vesti. E lá fomos nós. Eu quis ter certeza que não desencontraria das pessoas que rezavam o terço. Meu medo era que quando elas acabassem, elas fossem embora e eu não teria a chance de ficar lá com meu cartaz. 

Minha esperança era mais de salvar uma vida do que achar um bebê aquele dia. Meus instintos e meu coração me diziam que as mulheres que vão a consultas para abortar realmente não queriam estar lá. 

Eu fiz questão de levar terços, porque me disseram que o pessoal de lá poderia pensar que eu estava lá para uma consulta e começar a me levar para dentro do prédio. Isso seria muito estranho! 

Eu estava tão nervosa quando cheguei lá. Eu peguei meus terços, tirei meu filho de seu cadeirão e meu cartaz do porta-malas. Eu senti que estava entrando em um campo de batalha espiritual. 

Um megafone e um pirulito 

Logo depois que eu cheguei, uma mulher começou a falar num megafone. Ela estava dizendo: “temos alguém aqui que irá adotar seu filho”. Ela disse outras coisas também, mas eu estava pegando meu filho pelo braço e bruscamente indo embora. Eu me sentia tão desconfortável e pensava, “Um megafone? Mesmo? Quem irá responder a um megaphone? Deve haver uma maneira melhor.” 

Mary era a mulher no megafone. Uma vez que ela terminou de implorar para a menina não entrar na clínica, eu voltei para falar com ela. Eu a questionei sobre a tática do megafone. Outra mulher que estava quieta o tempo todo com um par de terços entrou na conversa. 

“Às vezes essas meninas estão rezando por um sinal no caminho até aqui. Nós podemos ser o sinal que elas pediram.” 

Conforme conversávamos, uma coisa inesperada aconteceu. 

A jovem à qual Mary estava implorando com o megafone saiu da clínica com sua mãe. Elas caminharam em nossa direção. E continuaram a vir em nossa direção. Então, nós quatro nos abraçamos (Mary, “Anne”, sua mãe e eu). Começamos a chorar. Foi um momento incrível. 

Depois daquele abraço inicial, a mãe de “Anne” disse: “ela precisa de um lugar para ficar.” Mary imediatamente pegou seu celular e começou a fazer ligações. Eu me apresentei. Perguntei a “Anne” de onde ela era. Ela me disse e eu respondi: “É realmente muito longe, por que você veio até aqui?” 

Ela respondeu: “a clínica perto da minha casa só faz abortos até 13 semanas e 6 dias, e eu estou com 13 semanas e 8 dias” – ou algo parecido. Eu sei que ela disse 13 semanas e então que os dias eram mais do que 7 – então eu lembro ter descoberto que ela estava em sua 14ª semana de gestação

Continuei conversando com a “Anne” e o tempo todo meu filho ficava dizendo: “Mãe, mãe, mãe”. Em um momento, eu o peguei no colo e continuei conversando com a “Anne” e sua mãe. Meu filho, ainda falando Mãe repetidamente, moveu meu rosto com suas mãos para que eu olhasse para ele. Ele disse: “Eu quero ir para uma A Baby´s Breath.” Eu respondi: “Por que você quer ir para A Baby´s Breath – porque eles tem pirulitos?” Ele disse: “SIM!!” 

Então olhei para a “Anne.” Ela abriu sua bolsa e pegou dois pirulitos. Um para meu filho e outro para ela. Foi um momento incrível e eu estava sorrindo de orelha a orelha e agradecendo a ela. 

Dois dias depois estou varrendo o chão da minha cozinha. Eu penso, “Anne” estava com cerca de 14 semanas de gestação, eu imagino há quantas semanas atrás nós começamos a rezar a Oração de Adoção Espiritual. Então eu contei. 

Exatamente 14 semanas e um dia antes de eu conhecer “Anne” era 7 de maio – o dia que começamos a rezar a Oração de Adoção Espiritual. Minha boca ficou aberta, eu fiquei arrepiada e provavelmente disse “uau” mais de uma vez. 

Seria esse o bebê que nós adotamos espiritualmente? A “Anne” estaria grávida de uma menina? Será que ela colocaria o nome de Jaina? 

Meu marido, filho e eu continuamos a rezar a Oração de Adoção Espiritual todas as noites depois da oração de ação de graças antes das refeições. 

Avance cinco meses 

No fim de janeiro comecei a pensar como “Anne” estaria e se Mary ainda estava em contato com ela. Eu liguei para Mary e perguntei. Mary disse que “Anne” estava ótima. Ela também me disse: “É uma menina, você sabia que é uma menina?” 

Nossa. Veja isso. Nós estávamos rezando por uma menina – mas ou é menino ou menina, então poderia ser coincidência, certo? 

Eu lembrei a Mary sobre a Oração de Adoção Espiritual e como nós estávamos rezando por uma menina e que nós havíamos dado um nome a ela. 

Aquela noite no jantar eu contei ao Matt que havia conversado com a Mary. Ela disse que “Anne” está bem e que está grávida de uma menina. Então disse ao Matt: “Fico pensando se ela dará o nome de Jaina.” 

O texto que fez Mary fazer uma dupla checagem 

Cerca de uma semana depois, Mary checou como “Anne” estava através de uma mensagem de texto. Depois de alguns dias, “Anne” respondeu. No texto, “Anne” agradecia a Mary por estar no lugar certo na hora certa. 

Ela também disse: “Mal posso esperar para a minha filha J-A-N-A nascer.” 

Mary checou o texto novamente. De quem era mesmo? Realmente dizia aquele nome??? 

Ela me ligou para contar. 

Eu não posso explicar como me senti. Eu pensei: “bem sim, esse é o seu nome” e “UAU.UAU.UAU.” simultaneamente. 

Jana nasceu saudável dia 15 de fevereiro de 2016. Mary e eu estamos esperando poder conhece-la e segurá-la e contar para “Anne” essa história. 

Eu estou tão grata e humilde que o Senhor permitiu que tivesse essa experiência. Eu tenho certeza que Ele me deu essa experiência sabendo que eu contaria para todos que quisessem ouvi-la e eu irei advogar e apelar para que você espiritualmente adote uma bebê não nascido. Essa oração funciona. Essa oração salva vidas. Essa oração dá esperança a uma mãe. Você se juntará a mim e rezará por um bebê não nascido? A incrivelmente talentosa Meg Florkwoski criou esse versão para impressão. Eu te encorajo a imprimi-la, dar um nome para o bebê e coloca-la em sua geladeira. Eu adoraria se você comentasse abaixo se você escolheu adotar um menino ou uma menina? Que nome você escolheu?

Segue aqui a oração:

photo credit: <a href="http://www.flickr.com/photos/95831528@N04/23548851452">sesión newborn Ian - Sheila&Jony</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/">(license)</a>

quarta-feira, 16 de março de 2016

OS MALES DA REPRODUÇÃO ASSISTIDA

O presente texto foi baseado no livro Good News About Sex and Marriage, de Christopher West, mais especificamente no capítulo 7. Além deste livro, utilizamos o Catecismo da Igreja Católica e a Instrução Donum Vitae, da Congregação para a Doutrina da Fé.

O desejo de ter filhos, por si, é um desejo bom e legítimo, todavia ele não justifica todo e qualquer meio de "ter" um filho. Por exemplo, raptar um bebê de outra pessoa é errado não importa o quão desesperado esteja um casal para ter um filho. Da mesma forma, como ensina a Igreja, manufaturar crianças através de alguns procedimentos tecnológicos também é errado. Em ambos os casos estamos lidando com fins bons (o desejo por filhos), mas com meios maus. 

A questão da infertilidade representa um verdadeiro drama para o casal, por isso merece toda a nossa atenção. A dor e angústia que eles sentem não devem ser ignoradas. Porém, muito mais está em risco na geração em laboratório de vidas humanas do que a princípio possa parecer. Os ensinamentos da Igreja contrários a algumas técnicas reprodutivas levantam muitas questões e objeções. Antes de nos dirigirmos a elas, sugerimos que uma reflexão profunda sobre as seguintes perguntas e as implicações de suas respostas:

Nós somos os mestres da vida humana?

O filho é um presente de Deus?

Pode um presente ser exigido?

Os casais tem direito aos filhos a qualquer preço?

Os casais tem realmente "direito" de ter filhos?

Nós somos livres para determinar o que é bom e o que é mau?

Os mandamentos de Deus existem para nos trazer felicidade ou nos deixar longe dela?

Vejamos agora quais são os ensinamentos da Igreja a respeito de algumas dessas técnicas: 

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

2375: As pesquisas que visam diminuir a esterilidade humana devem ser estimuladas, sob a condição de serem postas "a serviço da pessoa humana, de seus direitos inalienáveis, de seu bem verdadeiro e integral, de acordo com o projeto e a vontade de Deus."

2376: As técnicas que provocam uma dissociação do parentesco, pela intervenção de uma pessoa estranha ao casal (doação de esperma ou de óvulo, empréstimo de útero), são gravemente desonestas. Estas técnicas (inseminação e fecundação artificiais heterólogas) lesam o direito da criança de nascer de um pai e uma mãe conhecidos dela e ligados entre si pelo casamento. Elas traem "o direito exclusivo de se tornar pai e mãe somente por meio do outro."

Praticadas entre o casal, estas técnicas (inseminação e fecundação artificiais homólogas) são talvez menos claras a um juízo mediato, mas continuam moralmente inaceitáveis. Dissociam o ato sexual do ato procriador. O ato fundante da existência dos filhos já não é um ato pelo qual duas pessoas se doam uma à outra, mas um ato que "remete a vida e a identidade do embrião para o poder dos médicos e biólogos, e instaura um domínio da técnica sobre a origem e a destinação da pessoa humana. Tal relação de dominação é por si contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos. A procriação é moralmente privada de sua perfeição própria quando não é querida como fruto do ato conjugal, isto é, do gesto específico da união dos esposos...somente o respeito ao vínculo que existe entre os significados do ato conjugal e o respeito pela unidade do ser humano permite uma procriação de acordo com a dignidade da pessoa.

2378. O filho não é algo devido, mas um dom. O dom mais excelente do matrimônio é uma pessoa humana. O filho não pode ser considerado como objeto de propriedade, a que conduziria o reconhecimento de um pretenso "direito ao filho". Nesse campo, somente o filho possui verdadeiros direitos: o "de ser fruto do ato específico da o amor conjugal de seus pais, e também o direito de ser respeitado como pessoa desde o momento de sua concepção."

2379. O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um mal absoluto. Os esposos que, depois de terem esgotado os recursos legítimos da medicina, sofrerem de infertilidade unir-se-ão à Cruz do Senhor, fonte de toda fecundidade espiritual. Podem mostrar sua generosidade adotando crianças desamparadas ou prestando relevantes serviços em favor do próximo.

No próximo post, traremos algumas perguntas e respostas a respeito desse tema.

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quarta-feira, 9 de março de 2016

REFLEXÃO SOBRE A MULHER

A revolução feminista do início do século XX tinha um nobre objetivo: que a mulher não fosse mais vista como um ser inferior ao homem, tendo os mesmos direitos. Muitas mulheres deram sua vida por esta causa e comemoramos o Dia Internacional da Mulher no dia 08 de março, lembrando as 130 tecelãs que morreram queimadas na fábrica em Nova Iorque, onde fizeram suas reivindicações.

Porém, no decorrer dos anos esse feminismo deixou as origens de uma luta por direitos iguais para se tornar um movimento que ataca a raiz do próprio ser feminino, querendo tornar as mulheres uma triste cópia do homem, que quer ser tratada como o homem, assume as funções masculinas, quer ser totalmente independente e “dona” de seu corpo, fazendo dele mero objeto de prazer e de sedução.

O resultado desta reviravolta no ser feminino é uma sociedade decadente, onde as mulheres e mães verdadeiras são cada vez mais raras; os filhos perdem o referencial e a identidade e os homens estão cada vez mais perdidos, buscando muitas vezes dentro de si mesmos este lado feminino que está faltando na sociedade, tornando-se mais “afeminados” e mais infelizes.

As mulheres ganharam o direito de votar, de dirigir, de ter um emprego. Mas perdemos muito. Perdemos o direito de sermos sustentadas por nossos maridos. Perdemos o direito de sair para jantar com o namorado e não precisar dividir a conta. Perdemos o direito de ter a porta do carro aberta pelo homem para podermos entrar. Perdemos o direito do homem se levantar para ceder seu lugar no metrô. Perdemos o direito de sermos cuidadas e respeitadas como algo precioso que precisa de muito carinho e atenção. Mas agora, o que fazer?

As nossas jovens precisam saber que para se realizarem como mulheres não precisam de um bom emprego. Serão verdadeiramente realizadas e felizes cuidando da casa e dos filhos! Claro que devem estudar e se capacitar, afinal, o maior tesouro que possuímos são os filhos e eles merecem ter uma mãe capacitada para educa-los. A profissão deveria ser uma escolha e não uma imposição das sociedade. E deveria ser escolhida pensando, em primeiro lugar, não no dinheiro, mas na flexibilidade para poder exercer de maneira digna, o papel de esposa e mãe.

Elas precisam saber que quanto mais expõem seus corpos, mais se tornam objetos, coisas para serem usadas e não pessoas para serem amadas. A modéstia protege a mulher, não porque os homens são “animais” e não conseguem “resistir” a um par de pernas a mostra, mas porque somos psicologicamente conectados de maneira diferente. A mulher mostra o corpo porque quer ser desejada e amada como pessoa, porém o homem quando vê o corpo, deseja apenas o corpo. Para um homem amar uma mulher por inteiro (corpo e alma), precisa ver além do corpo. E facilitamos muito esse trabalho para os nossos queridos homens se conseguirmos esconder mais do que mostrar.  

O Papa Paulo VI sustenta que, para a realização do plano divino sobre a humanidade, é necessária a “complementaridade efetiva” de ambos os sexos: “Os problemas são delicados; falar de igualdade de direitos não resolve os problemas, que são muito mais profundos. É necessário tender a uma complementaridade efetiva, para que os homens e as mulheres contribuam com suas riquezas e seu dinamismo específicos para a construção não de um mundo nivelado e uniforme, porém harmonioso e unificado, segundo o desígnio do Criador.”

Portanto é urgente que a mulher assuma realmente sua responsabilidade em ser feminina, em ser mãe, pois segundo as palavras de São Bernardo “o homem não será remido sem a mulher”. Somente se a mulher se conscientizar de sua função primordial na sociedade atual, ela poderá contribuir imensamente para que o mundo seja mais justo e mais fraterno.



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