quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

TRABALHANDO JUNTOS PELA NOSSA FELICIDADE



O matrimônio é a célula base de nossa sociedade e tem sido muito atacado recentemente. Todos os casamentos estão ameaçados, não importa quanto tempo de casados, o fantasma do divórcio está sempre a espreita. 

Casamos para sermos felizes, mas muitos casais não o são e acabam colocando fim ao matrimônio em busca justamente da felicidade. Quando nos casamos, acreditamos que com aquela pessoa poderíamos ser felizes, que nossa felicidade estava assegurada. Ninguém se casa para ter uma vida miserável, infeliz.

O Pe. Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, cita um adágio antigo que diz: "Todo reino se conserva com as forças que lhe deu origem." Quais foram as forças que deram origem ao nosso matrimônio? Se estas forças continuam presentes, estamos bem. Caso contrário, precisamos mudar alguma coisa.

Qual foi a primeira coisa que chamou a nossa atenção para o outro? De todas as pessoas que conhecíamos, uma nos chamou a atenção por ser especial. Pode ter sido de uma hora para outra, como um raio, ou gradativamente, pouco a pouco aquela pessoa foi nos conquistando. Se nos fixamos em alguém, era porque vimos algo valioso nele ou nela. Pode ter sido a beleza, a inteligência, a integridade. Vimos alguma qualidade que nós gostamos e na medida em que fomos conhecendo mais essa pessoa, começamos a nos fascinar e apaixonar por ela.

E como é agora? Chegamos ao ápice e nos casamos. Depois, essa pessoa que era tão trabalhadora, se torna uma viciada em trabalho; quem era tão simpática, passa a ser uma pessoa superficial; aquele que era tão inteligente, agora não consegue perceber algo básico. A imagem que tínhamos muda e já não admiramos tanto essa pessoa.

Os primeiros anos de casamento as vezes são muito duros: temos que ganhar a vida, vem os filhos, começamos também a ver os lados fracos do companheiro, as vezes de maneira muito forte. Vemos um ao outro como realmente somos: com muito valor e com muitos defeitos. Como conservar a admiração pela pessoa com quem casei?

O amor tem que amadurecer. Precisamos reconhecer que essa pessoa é um presente. Um presente que pode estar embrulhado em um papel muito feio, mas ainda é um verdadeiro presente. Eu me apaixonei por uma pessoa real. Será que ela perdeu as qualidades que tanto admirei? Será que não possui outras qualidades que ainda não descobri? Todas as pessoas possuem coisas lindas, grandes.

"Não podemos ser como as moscas que ficam parando em todas as coisas sujas. Precisamos ser como as abelhas, que buscam e extraem o bonito e o doce." (Pe. Kentenich). Nós temos que sempre voltar a buscar e a encontrar o que é lindo no outro, em meu companheiro de vida. Travar uma luta real para aflorar essa riqueza que existe no outro e não ficar somente no lado que não é tão bonito.

Não devemos ser "mártires" que apenas suportam o lado ruim do outro. Não nascemos para isso, fomos criados para sermos felizes e pelo sacramento do matrimônio recebemos todas as graças necessárias para sermos felizes um com o outro.
 
Precisamos aprender a arte de trabalhar nossos defeitos, realizar um trabalho de superação pessoal. Se tenho um defeito e o outro me mostra, devo procurar superar esse defeito. Nós trabalhamos como casal, trabalhamos nossa personalidade, para crescermos como pessoa. Estamos em um mesmo lugar para vivermos felizes. Buscamos solucionar aquilo que torna nossa vida menos agradável.

Precisamos trabalhar para ajudar ao outro a superar seu problema, sua limitação. Normalmente só reclamamos: até quando? Quantas vezes já te falei isso? Mas se mantenho essa atitude, o que menos consigo é que o outro mude. Resmungar e reclamar é a pior maneira de lidar com essa situação.

Mas a mudança é necessária. Então precisamos introduzir algo novo em nosso relacionamento. No Movimento de Schoenstatt chamamos de autoformação. Cada um de nós está em um caminho de crescimento e no matrimônio possuímos uma grande vantagem, porque um pode ajudar ao outro, com amor, primeiro a ver o seu problema para então superar suas debilidades. Assim trabalhamos juntos um para o outro.

Se vejo que o outro está se esforçando para superar um defeito, tenho mais paciência de suportar esse defeito, pois sei que as coisas não mudam de um dia para o outro. E vice-versa. Eu sei que também tenho coisas que para mim é difícil mudar e o outro tem paciência comigo. E essa dinâmica nos tranquiliza.

Uma sugestão é nos reunirmos como casal uma vez ao mês para revisarmos esse nosso esforço por superamos nossos defeitos. Em uma ou duas horas, podemos compartilhar com o outro nossos sucessos e fracassos e desta forma, nos fortalecemos.

Todavia, precisamos ter consciência que existem defeitos que não são possíveis mudar. Por mais esforços que façamos, existem coisas que simplesmente não mudam. Não nos casamos com uma pessoa perfeita, mas com um ser humano, que muitas vezes vem com defeito "de fábrica". Então precisamos pensar com muito realismo: da mesma forma que eu tenho que suportar esse defeito "imutável" do outro ele também tem que me suportar em meu defeito "imutável". Como disse S. Paulo, o amor consiste em carregar o fardo uns dos outros. Eu amo você assim como você é e aceito sua pessoa com gratidão, porque tem muitas coisas lindas. Eu te aceito e te amo porque vejo que está se esforçando por melhorar, mas também aceito que não vai conseguir mudar tudo.

Essa dinâmica não termina nunca. Nós vamos mudando durante a vida, as novas etapas apresentam novas exigências e mostram ainda novos valores e novos defeitos. Precisamos sempre ter a consciência de cuidar para não perder a admiração pelo outro. Nunca posso deixar de ver em meu cônjuge algo lindo, algo que agrada, que me enriquece, afinal esta pessoa foi o presente que Deus me deu para me ajudar a chegar ao Céu. 

photo credit: <a href="http://www.flickr.com/photos/16105263@N00/7183245889">Valentine 2012</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/">(license)</a>

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