segunda-feira, 20 de abril de 2015

AS FINALIDADES DO MATRIMÔNIO E A FECUNDIDADE DO AMOR CONJUGAL

Consoante os ensinamentos de João Paulo II, o amor carnal (sexual) deve expressar a linguagem do amor ágape, ou seja, daquele amor que Cristo tem por cada um de nós.

Este amor possui quatro características. "Primeira: Cristo dá livremente seu corpo ('Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade' Jo 10,18). Segunda: entrega seu corpo totalmente, isto é, sem resevas, condições ou cálculos egoístas ('até o extremo ele os amou' Jo 13,11). Terceira: dá seu corpo fielmente. ('Estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos' Mt 28,20). Quarta: entrega seu corpo frutuosamente ('Eu vim para que tenham vida' Jo 10,10). Se homens e mulheres souberem evitar as armadilhas do falso amor e viver plenamente sua vocação, a união deles deve expressar o mesmo amor - livre, total, fiel e frutuoso que Cristo expressou.
Outro nome para este tipo de amor é matrimônio. E isto é precisamente o que uma noiva e um noivo fazem diante do altar. Quando o celebrante pergunta:'"Vieste aqui livremente e sem reservas para vos entregardes um ao outro no matrimônio? Prometeis ser fiéis até a morte? Prometeis receber amorosamente os filhos que Deus vos mandar?' Noivo e noiva, cada um, por sua vez, responde: 'sim!'"[1]

Assim, o matrimônio é uma aliança, um contrato pelo qual o homem e a mulher se comprometem a amarem-se com este grau de amor, da mesma forma que Cristo ama a sua Igreja. Para conseguirem isto, o próprio Jesus elevou esta aliança ao nível de Sacramento. Os efeitos principais deste sacramento são: ele dá graças para fortalecer o amor dos esposos, para compreenderem mutuamente seus defeitos, superarem as dificuldades na vida conjugal e na educação dos filhos e, especialmente para santificar os esposos até o fim da vida.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por meio dos quais nos é dispensada a vida divina. Os ritos visíveis sob os quais os sacramentos são celebrados significam e realizam as graças próprias de cada sacramento. Produzem fruto naqueles que os recebem com as disposições exigidas”[2]
Os sacramentos foram instituídos por Jesus para ajudar na caminhada rumo ao Céu, para sinalizar este caminho, pois transmitem as graças necessárias para cumprir a missão de cada um.
No caso do sacramento do matrimônio, a graça que se recebe é a santificação do vínculo que une marido e mulher para sempre. A aliança de amor que é selada com o sacramento do matrimônio, este laço que unirá aquele homem e aquela mulher eternamente, se transforma num sinal eficaz da união de Cristo com sua Igreja.
“O matrimônio, segundo o que foi dito, não é a consagração de duas pessoas, mas a consagração do laço que as une. A relação entre ambas é elevada sacramentalmente. Nisso consiste precisamente a sacramentalidade conjugal. O amor que os une e o vínculo que se gera se faz sinal e sacramento. O amor conjugal puramente humano se faz amor consagrado e por isso mesmo já é uma realidade religiosa. A comunidade conjugal entre ambos se faz comunidade de Deus e com Deus. Neste contexto podemos dizer que o amor redentor de Cristo, que desperta em nós uma resposta proporcional, se desdobra no matrimônio através do amor recíproco dos esposos.”[3]
Os esposos, tendo recebido o sacramento do matrimônio, são chamados a ser sinais do amor de Cristo por sua Igreja e do amor da Igreja para o seu Senhor. Quem vê um casal cristão deve poder ver a presença de Deus, sua atuação na vida daquela família. O casal também deve permitir que Deus influencie as pessoas que os rodeia, através de seu matrimônio.

A Igreja defende, em primeiro lugar, a dimensão da comunhão ou finalidade unitiva da sexualidade conjugal, expressa na comunhão de corações e de vontades na relação íntima dos esposos. De outra parte, a Igreja defende, ao mesmo tempo, a finalidade procriativa inerente ao amor conjugal. O amor dos esposos quer ver-se prolongado no filho. Existe neles um anseio natural de se perpetuar criadoramente. Seu amor é transcendente, não estéril.



[1] WEST, Christopher Teologia do Corpo para Principiantes - Uma introdução básica à revolução Sexual de João Paulo II. Ed. Myriam. Porto Alegre. 2008 Pg. 103
[2] Cf CIC No. 1131
[3] “Matrimônio, vocação de amor”, Fernandez, Jaime, pgs. 8-9, impresso como manuscrito – 1989 – Movimento Apostólico de Schoenstatt, Santa Maria/RS
crédito da foto: photopin.com 

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