quarta-feira, 1 de outubro de 2014

FILHOS - PRESENTES DE DEUS

O tema da educação dos filhos é uma constante preocupação dos pais e de toda a sociedade, pois as crianças e jovens de hoje serão os responsáveis pelo mundo e pela sociedade de amanhã. Todo investimento (ou falta dele) de recursos, de tempo, de dedicação para a educação que se faz no presente trará suas consequências, boas ou más, para o próprio educador num futuro bem próximo.

Todos conseguem perceber as consequências devastadoras de uma educação pobre em valores e princípios, focada apenas no bem estar e no prazer, limitada muitas vezes ao mero conhecimento intelectual, criando uma geração de homens e mulheres fracos interiormente, psicologicamente imaturos, que sucumbem na primeira dificuldade que encontram, fugindo muitas vezes para compensações como a bebida, as drogas e a promiscuidade. 

"Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande percebo que estamos diante da geração mais preparada - e ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegida, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor. 

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nasceram prontos - bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade. 

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas - onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queira. E quando isso não acontece - porque obviamente não acontece - sentem-se traídos, revoltam-se com a 'injustiça' e boa parte se emburra e desiste. 

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção - e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade - e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes." [1]

Assim, é urgente resgatar a verdadeira educação para que a sociedade não chegue a um verdadeiro colapso, um mundo de 'tiranos' que exigem tudo sem querer dar nada em troca. 

Educar, segundo o dicionário da língua portuguesa, significa: "Promover, o desenvolvimento da capacidade intelectual, moral e física (de alguém), ou de si mesmo." [2]. Portanto, a missão primordial dos pais em relação a seus filhos é despertar e desenvolver as qualidades de cada um deles, para que eles consigam, mais tarde, trilhar o caminho desejado por Deus para suas vidas e, no final, chegar à plena felicidade do Céu.Devemos à criança um grande respeito, pois depois de batizada ela é também um templo do Espírito Santo. Nela estão presentes grandezas humanas que diminuem conforme ela vai crescendo e fazendo escolhas em sua vida. A criança comporta uma infinidade de promessas, de possibilidades que serão desenvolvidas na medida em que os pais souberem cultivá-las, por isso o máximo respeito e o máximo cuidado.

A educação é uma tarefa extremamente difícil, por isso necessitamos nos preparar da melhor forma possível, buscando conhecimento, conselhos de pessoas mais sábias e experientes, mas principalmente precisamos pedir a Deus as graças necessárias para educarmos corretamente nossos filhos. 

É necessário saber que a graça coopera com a natureza, ou seja, que a educação deve ser construída sobe a natureza da criança, sobre a matéria prima que a criança possui. Porém, não se deve deixar a natureza operar sozinha, porque ela não é tão boa e nem tão forte. O ser humano sempre terá muita dificuldade em fazer predominar o espírito sobre os instintos, como é dever do espírito, da inteligência. [3]

Deve-se ter em mente que na educação se trabalha com uma matéria viva. O ser humano é inteligente e livre, que deve ser passivo em certa medida, mas é necessário favorecer sempre a atividade e espontaneidade. É preciso levar a criança à cooperar com a educação que lhe é dada; sem isso, uma força invencível poderá ser contida por um tempo, mas mais cedo ou mais tarde se romperá e só trará revolta da criança para aqueles que a estão educando. 

Para que isso seja possível, é necessário muito esforço e dedicado por parte de ambos, pai e mãe, a custo de vários sacrifícios, porém, o resultado deste esforço feito por amor, pelo bem e felicidade do filho, com o imprescindível auxílio de Deus e de sua graça, certamente será muito bem recompensado.




[1] Eliane Brum in http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI247981-15230,00.html
[2]Mini Aurélio, dicionário da língua portuguesa, 7ª edição, Editora Positivo, pg. 334
[3] "Espiritualidade no Lar", TH Dehau OP, Ed. Flamboyant, São Paulo, 1964

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