Este post foi baseado no livro: "A auto-estima do seu filho”, BRIGGS, Dorothy Corkille, 2ª edição, pg. 4, Editora Martins Fontes, São Paulo 2000.
A autoestima é “a maneira pela
qual uma pessoa se sente em relação a si mesma. É o juízo geral que faz de si
mesma – o quanto gosta de sua própria pessoa.”[1]
Toda pessoa nasce com a autoestima em sua
plenitude, ou seja, a consciência que tem de si mesmo, o quanto aprecia a sua
pessoa, é totalmente positivo. O bebe recém-nascido, com sua capacidade
cognitiva em pleno desenvolvimento, instintivamente se sente bem consigo mesmo,
acredita plenamente ser merecedor de tudo o que seja bom para ele.
Esta autoestima, porém, dependendo de como o bebê é
tratado, com o tempo pode diminuir ou se manter sempre positiva. A autoestima
diminui se o estímulo que recebe daqueles que são responsáveis pelos seus cuidados
não correspondem as suas necessidades físicas e psicológicas, gerando a
sensação de que não é importante, de que não deve ser merecedor daqueles
cuidados.
Veja um exemplo, referente a um bebê fictício
chamado Paulo: “A mãe aproveita sempre a
hora da amamentação para ler. Seus braços o sustentam frouxa e
indiferentemente. A atenção não se volta para o menino, mas para o livro. Se
Paulo balbucia, ela não toma conhecimento. Quando ele se movimenta, os braços
da mãe não colaboram. Se ele agarra a blusa dela, a mãe o faz soltar sem sequer
olhar para ele. Paulo e a mãe não estão partilhando uma experiência. Na
verdade, não há um encontro terno, humano, direto de pessoa para pessoa. A mãe
é todo o mundo de Paulo naquele momento e suas primeiras experiências
ensinaram-lhe que não merece atenção. Para ele o mundo é um lugar frio no qual
tem pouca importância.”
Os filhos veem o mundo através de seus pais. Os
pais são verdadeiros espelhos pelos quais a criança enxerga a si mesma e o
mundo que a rodeia. Se os pais valorizam a criança, ela sentirá que é
importante, que tem seu valor e que merece amar e ser amada. Porém, se recebe
muitos julgamentos negativos, acreditará que é realmente uma pessoa ruim, que
não merece ser feliz. “As crianças
valorizam a si mesmas na medida em que foram valorizadas.”
Portanto, o primeiro passo na construção da autoestima,
ou melhor dizendo, na manutenção da autoestima da criança, é valorizá-la pelo
que ela é, em primeiro lugar, um filho de Deus, um ser humano único e
irrepetível, que foi designado a seus pais, para que estes a nutram e eduquem
para ser uma pessoa plenamente realizada e feliz.
Esta valorização da criança é percebida por ela
muito mais através das atitudes do que das palavras. Não basta dizer que ama, é
preciso demonstrar por gestos e por ações este amor. E isso não significa
aprovar tudo que a criança faz, muito pelo contrário, a criança se sente amada,
cuidada, quando são impostos limites ao seu comportamento.
Para que a criança consiga se sentir realmente
valorizada e amada é necessário que os pais separem a atitude dela, o que ela
fez de certo ou de errado, de sua pessoa. Assim, ao julgar um comportamento,
deve-se sempre destacar que este foi errado e não que a criança é boa ou má.
Por exemplo: se o pai avisa a criança que ela não pode mexer em determinado
objeto e ela mesmo assim desobedece e mexe onde não podia. O pai não
deve dizer: “Você é muito desobediente e agora está de castigo!”. A frase mais
adequada seria: “ Eu não gostei da sua atitude. Agora a consequência desta
escolha que você fez em desobedecer será o castigo.”
Desta forma, a integridade da pessoa, a visão que a
criança tem de si mesma permanece intacta, e a desaprovação do pai não é em
relação à criança, mas à atitude dela que foi errada.
Mesmo julgamentos positivos da pessoa, ao invés de
sua atitude, podem prejudicar a autoestima da criança, pois ela irá relacionar
que só é boa porque fez determinada coisa boa. Logo, deve evitar-se dizer: “Você
é um bom menino!” quando, por exemplo, a criança, divide um brinquedo com o
amiguinho. O ideal é sempre elogiar, mas a atitude e não diretamente a criança:
“Eu gostei muito da sua atitude de dividir seu brinquedo. Parabéns!”
“Sempre que o valor pessoal depende do desempenho, fica sujeito a ser cancelado
por qualquer erro.”[2]
Ao invés de julgar a criança pelo que ela fez,
usando expressões do tipo: “você é” (bobo, desobediente, mal educado, mentiroso, bondoso, cuidadoso, etc.) o correto é julgar a
atitude de acordo como os pais estão se sentindo em relação a este
comportamento, sempre colocando a expressão “eu” (não gosto disso, não posso
confiar no que você diz, fico magoado com este comportamento, tenho medo de
acontecer algo, etc.).
Desta forma, a criança aprende que ela é sempre
boa, sempre merecedora do amor e carinho dos pais, porém algumas vezes precisa
sofrer as implicações de seu comportamento se sua atitude não corresponde às
expectativas, se escolhe agir de uma maneira que não está de acordo com o que
se espera dela.
Mais um passo importante para a autoestima do filho é a empatia, ou
seja, “ser compreendido de acordo com o
nosso ponto de vista”[3],mesmo
que os fatos demonstrem coisas distintas, ou que o interlocutor não concorde
com este ponto de vista.
Demonstrar empatia para a pessoa significa provar a
ela que entende seu ponto de vista, não pretendendo impor a própria visão sobre
o acontecimento, nem explicá-lo pela lógica. Por exemplo, se a criança ouve um
barulho muito alto de avião e começa a chorar de medo, a mãe pode explicar:
“não precisa ter medo, pois foi apenas um avião”. Esta tentativa de tranquilizar
a criança está na verdade insinuando que a criança não tem o direito de sentir
medo e a criança não se sente compreendida, pois efetivamente está com medo.
Desta forma, a reação empática da mãe seria dizer: “Nossa, foi realmente um
barulho terrível!” e a criança sente que foi compreendida, que a mãe está com
ela e sabe como se sente. Então, depois de compreendido o sentimento, a mãe
poderia explicar a origem do barulho e a criança conseguiria entender melhor o
que aconteceu.
“Quando você é empático, não procura mudar os sentimentos da criança.
Simplesmente tenta aprender como ela sente a parte do elefante, por assim
dizer. Você não procura ver porque ela sente desta maneira, apenas tenta
perceber todas as nuances de seus sentimentos naquele momento. Você consegue
ver como a criança vê, sentir como a criança sente.”
Independentemente da idade do filho, é sempre
aconselhável trabalhar na construção da sua autoestima, pois os pais só
conseguirão educar realmente, desenvolver o que de melhor o filho possui, se o
próprio filho conseguir se valorizar, conseguir enxergar que é uma pessoa
única, que tem uma missão importantíssima a cumprir neste mundo. Certamente o
quanto antes o filho se sentir realmente valorizado e amado é melhor, porém
nunca é tarde para começar.
“Viver com seu filho, de modo que ele
se sinta profunda e tranquilamente satisfeito de ser quem é, significa dar a
ele um legado sem preço: a força para enfrentar as tensões, a coragem para
tornar-se uma pessoa dedicada, responsável, produtiva e criativa – alguém
plenamente humano. E então o investimento pessoal que você aplicou em amor,
tempo, energia e dinheiro, frutificará interminavelmente no tempo. Ajudar seu
filho a gostar de si mesmo é o maior presente que você pode lhe dar. É
manifestar A-M-O-R da maneira mais profunda.”[4]
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