terça-feira, 9 de setembro de 2014

CRIADOS PARA AMAR - PARTE 3

Continuando nosso estudo sobre a Teologia do Corpo vemos que as Escrituras utilizam muitas imagens para nos ajudar a compreender o amor de Deus por nós e a mais utilizada é do amor nupcial. A união do homem e da mulher numa só carne. E Deus queria que este eterno plano conjugal, fosse tão claro para nós, tão óbvio para nós, que ele inscreveu uma imagem dele nos nossos corpos, fazendo-nos homens e mulheres e chamando-nos a nos tornar uma só carne.

"Deus não depositou o ideal da perfeição humana num sexo, mas o entregou ao homem e à mulher; é por isso que ambos os sexos são chamados a completar-se mutuamente." (Pe. Kentenich)

A união dos sexos, deve ser, em certo sentido, um sinal sacramental, do eterno mistério de Deus, de que o próprio Deus é uma eterna comunhão de amor e de que nós, como homens e mulheres, estamos destinados a tomar parte desta comunhão. Aqui o São João Paulo II traz um enorme desenvolvimento no pensamento católico. Tradicionalmente, os teólogos diziam: somos a imagem de Deus como indivíduos, através de nossa alma racional. Isto é certamente verdade. Mas o Santo Padre se atreve a dar um passo mais longe. Ele diz que não só somos a imagem de Deus como indivíduos, mas também somos a imagem de Deus, através da comunhão do homem e da mulher, que Deus criou desde o princípio.

"Esposos cristãos são vinculados por um tríplice laço: pelos vínculos naturais de união de carne e sangue, pela diferença dos sexos e pelo vínculo sobrenatural do sacramento. Já na aurora da criação, a sabedoria e a bondade de Deus teceram vínculos da união de carne e sangue. Formou Eva, (...) da costela do homem que dormia. Adão reconheceu-o e disse: Eis o osso dos meus ossos e a carne da minha carne. Por isso o homem deixa pai e mãe, para dedicar-se à sua esposa. (...) A experiência de todos os dias comprova a vigorosa união que existe entre as particularidades corporais e anímicas dos dois sexos. Quanto mais acentuada a particularidade, de ambos os sexos, quanto mais viril o homem e mais feminina a mulher, tanto maior será a atração mútua." (P. Kentenich)

E desta forma, o Santo Padre está dizendo, que a própria relação sexual, se torna uma imagem, um ícone, em certo sentido, da vida interior da Trindade. Deus em si mesmo não é sexuado, usamos o amor sexual só como uma analogia, do mistério trinitário. A analogia é frágil. Deus permanece infinitamente transcendente para qualquer imagem ou linguagem humana. Deus não é feito em nossa imagem como homens e mulheres, mas nós somos feitos à Sua imagem como homens e mulheres. Por isso, apesar de Deus não ser sexuado, a nossa sexualidade revela algo no mundo do mistério escondido em Deus. Algo daquela comunhão de amor que dá vida que encontramos na Trindade, não esquecendo que há um abismo infinito entre o Criador e a criatura.

Mas esta união do homem e da mulher revela não somente a eterna comunhão de amor da Trindade, como também revela o nosso destino para tomar parte desta comunhão de amor. E como? Carta aos Efésios Capítulo 5 "por esta razão, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne." E depois ele acrescenta: "Isto é um grande mistério".

"Pelo sacramento, o matrimônio se torna imagem e símbolo da misteriosa união entre Cristo e sua Igreja." (P. Kentenich)

Qual é o mistério? A união de Cristo com sua Igreja. Foi Cristo quem deixou seu Pai no Céu, foi quem deixou a casa de sua Mãe na terra, para entregar seu corpo à sua noiva, para que nós, como esposa de Cristo, possamos nos tornar uma só carne com Ele. Onde nós tornamos uma só carne com o noivo Cristo? Na Eucaristia. A santa comunhão do homem e da mulher em uma só carne, desde o princípio, desde o Gênesis deve ser uma prefiguração da santa comunhão de Cristo e sua Igreja.


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