O
Padre José Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, indica
como ideal e missão do homem a expressão em latim “Puer et Pater”, que significa ser filho e ser pai. Ser filho
perante Deus e pai diante dos outros, para os outros.[1]
Muito
da crise que é vivenciada nos tempos modernos se deve à renúncia por parte do
homem de se colocar como filho diante de Deus. Busca a sua própria independência,
sente-se autônomo, que não precisa de Deus para atingir seus objetivos. Essa
atitude, ao contrário de alcançar a sua plena realização, leva o homem a
angustiar-se e a ficar estressado, pois corta a sua raiz, a sua origem, que é o
próprio Deus.
“O coração do homem atual está inquieto,
mais ainda, está angustiado, estressado, porque, à semelhança do filho pródigo
da parábola do Evangelho, abandonou a casa do Pai. Nessa parábola, Cristo
descreve em forma clássica o drama de nossa cultura: Deixamos a casa do Pai,
cortamos o cordão umbilical, o vínculo filial que nos une ao Pai, em busca do
que cremos é nossa plena e "verdadeira" liberdade.”[2]
O
homem, por mais que busque esta independência de Deus, é e sempre será uma criatura.
Ele não gerou a si mesmo e também não consegue, sozinho, gerar outro ser
humano. Pode até tentar muitas vezes, inclusive pela manipulação genética, mas
uma vida humana só é criada quando Deus infunde nela sua alma imortal.
Assim,
quanto mais se afasta de Deus, quanto mais nega a sua relação filial com seu
Criador, mais se torna frágil e inseguro, ficando à mercê das tendências e
ideologias que o mundo apresenta, caindo muitas vezes nos vícios e nos prazeres
vazios que lhe são oferecidos.
Jesus
veio ao mundo para mostrar a face de Deus como Pai, aquele que se preocupa
individualmente com cada filho seu, que é objeto de seu amor infinito e de seu
cuidado paternal. Ele ensina também que só entra no Reino do Céu quem se faz
criança, quem se torna filho.
"Eu
lhes asseguro que se não se tornarem como as crianças, não entrarão no Reino
dos céus" [3]“porque
quem não recebe o Reino dos céus como uma criança, não entrará nele "[4]
Para
ser filho, o homem precisa se espelhar em Jesus Cristo e ver nele seu grande
ideal, pois Jesus só fez o que agrada ao Pai. O filho confia que o Pai somente
quer o seu bem, mesmo que permita dor e sofrimento. E em cada acontecimento de
sua vida, precisa aprender a dizer: “Sim, Pai!”.
“Jesus Cristo é o Filho Unigênito e fiel
do Pai, que sempre gira em torno de Deus Pai. Cristo em sua condição de Filho
se entrega plenamente à vontade do Pai e experimenta assim, seu profundo
arraigo e abandono confiando a si mesmo em Deus, seu Pai.Essa vivência de Jesus
nos revela que a filialidade madura é a que experimenta, sobretudo, a
misericórdia infinita de Deus Pai. Enraizar-nos em seu coração paternal é o que
nos dá confiança e segurança, porém também é a entrega total a sua vontade e a
seus desejos o que move a viver a obediência, a disponibilidade para o
sacrifício e a entrega heroica.Só quem se sabe filho e se sente abrigado no
coração de Deus Pai tem a força para sair vitorioso da vida. O homem que é
filho em seu coração resiste com inteireza as dificuldades da vida.”[5]
Um
caminho para chegar a esta atitude filial é através de uma vivência sadia da
relação pai e filho no plano natural. Aquele que não sentiu e experimentou o
que significa possuir um pai de verdade no plano natural, muito dificilmente
conseguirá se portar como filho diante de Deus.
Portanto, é urgente também que o homem se torne
verdadeiro pai. Pai para seus filhos biológicos, mas também pai para todos
aqueles que conviverem com ele. A paternidade é o outro lado da moeda da
filialidade. Só sabe ser pai, quem realmente se coloca como filho diante do Pai
do Céu.
“Se a
paternidade é o núcleo central do ser homem, a filialidade é sua raiz. Para
poder se pai, primeiro precisa sentir-se profundamente filho.”[6]
[1]
Informação postada no site do Youtube, por lucasjs2, no vídeo http://www.youtube.com/watch?v=hvggjVdOWXU
[2] Trecho extraído da matéria “O homem
filial”, publicado no site http://www.maeperegrina.com.br/
[3] Mt
18,3
[4] Mc
10,14
[5]
Trecho extraído da matéria intitulada “Puer et Pater”, publicada em http://wikischoenstatt.org/Puer_et_Pater. Tradução livre da Autora.
[6]
Trecho extraído da matéria intitulada “Puer et Pater”, publicada em http://wikischoenstatt.org/Puer_et_Pater. Tradução livre da Autora.
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